sábado, 27 de fevereiro de 2010

Up in the air

I want you to stuff it all into that backpack. Now I want you to fill it with people.

Start with casual acquaintances, friends of friends, folks around the office... and then you move into the people you trust with your most intimate secrets. Your brothers, your sisters, your children, your parents and finally your husband, your wife, your boyfriend, your girlfriend.

You get them into that backpack, feel the weight of that bag.

Make no mistake your relationships are the heaviest components in your life.

All those negotiations and arguments and secrets, the compromises.

The slower we move the faster we die.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

o biscoito da sorte

cheguei em casa com fome. a entrega do supermercado está marcada pra amanhã, modos que não tinha comida. avancei nas gavetas da cozinha, procurando o telefone do china in box.

achei um pacotinho, com o folheto do telefone, um embrulhinho com hashis, um ima de geladeira e um biscoito da sorte. velho, murcho, dormido. na gaveta, sabe-se lá há quanto tempo.


resolvi abrir o biscoito, e ver a mensagem.


"depois da tormenta vem sempre a bonança"


oi. meu nome é madame ç e eu acredito em biscoitos da sorte.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

geração evil

cena. reunião semanal na oficina colorida. geralmente participam a chefona colorida, duas das minhas gênias favoritas, a evil manager e mais uma gênia, que é recente no grupo.

a chefona estava reclamando. porque a lista de livros para a grande biblioteca de livros extraordinários da oficina não estava crescendo. porque as gênias não estavam sugerindo. a oficina tem uma boa biblioteca, sabe? tudo que você precise pra ser ninja, ali você pega um livro e aprende. e aprende com o resto também, com o dia a dia. então tem a biblioteca, e ela cresce de acordo com as sugestões das gênias.


e a chefona reclamando. da falta de sugestões. e as gênias meio que não dando bola. well. posso estar errada. sabe como é. eu não estava lá. é só como as informações vieram até mim.


e a evil manager resolve se pronunciar.


ponto. parágrafo. espaço. travessão.



- Será que isso não é coisa da geração Y? Eles são muito passivos mesmo.




E fez-se o silêncio, né? Porque. Né?


Eu fico sabendo disso e morro por não estar lá pra zoar ela. Porque, meu bem, geração Y? Really? Se tem alguma coisa ali que nós somos, e a gente está rotulando em gerações, é X, e não Y. Geração X, a nossa. Geração Y é de quem não chegou aos 25 anos. É meu irmão. É a chinesinha fofa.


E tipo. Insinuando que a geração é passiva, e não lê. Gente rápida. Pra pensar, pra falar. Gente que cresceu com um mouse na mão, viciado em video game, cheio de foco. Que tem raciocínio lógico mais rápido do que o dela jamais será. Porque ela nunca leu nenhum dos livros incríveis que a biblioteca disponibiliza. E porque ela fala internauta. E é descabelada. Tá. Ser descabelada não tem nada com isso. Mas ela é. Tá?


First of all. Livro de auto-ajuda não é livro. Sorry. A Bíblia sagrada a gente sabe que ela lê. Tá no orkut dela. Reflitam.


***


Passa um tempinho e outra gênia me chama no msn, pra me informar que ela masca chiclete com a boca aberta. Juntas, concluímos que o hábito de mascar chiclete com a boca fechada só foi introduzido na nossa geração. a X. Muitos e muitos anos depois.

sobre as gênias coloridas

Gênia colorida me chamou no msn. Pra me contar umas coisas. Na verdade, tudo o que as gênias coloridas queridas têm feito por mim nesses últimos dias é me chamar no msn e despejar potinhos de amor. É cafona. eu sei. É como eu recebo, mesmo, cada contato delas. Elas surgem do nada, janelinha piscando. Pra me apoiar. E me consolar. E marcar o nosso próximo encontro para beber bloody marys e falar sobre a vida. Coisa mais verdadeira desse mundo, os nossos encontros. Os nossos martinis.

É engraçado que cada uma delas tenha a url desse blog. Agora há pouco, eu quase troquei o apelido gênia colorida pelo nome verdadeiro dela. Porque ela tem nome. E porque ela é de verdade, não é personagem. Porque ela, junto com outras gênias, recebeu essa url. E elas são minhas amigas, e lêem meu blog. Daqui a pouco uma delas me chama no msn, de novo, pra comentar alguma coisa que eu escrevi aqui. Elas entendem. Elas me entendem.

O que a gênia me contou fica pra outro post. Porque merece post único. É a última da evil manager.

Só podia ser.
Eu tenho um post não postado. E eu acho que é o que eu mais vou ter, agora. Eu vou migrar meu blog para o wordpress, como toda pessoa adulta deve fazer. E vou trancar uns posts. Porque parece ser o único jeito.

Junto com os posts trancados, eu vou ficar trancada. Vou parar de escrever pouco a pouco, como eu vi, sofrida acontecer com a ilminha, há tempos atrás. Como eu vi acontecer com tantos outros.

Ou não.

Eu tenho um post BOM, pronto. E não consigo postar. Porque as pessoas confundem essa que eu sou aqui, com a pessoa que eu sou fora. Não tem nada a ver. Aqui é como se fosse dentro da minha cabeça. Eu não aponto o dedo para o que vai dentro da cabeça das outras pessoas.

Fora isso, eu tenho um post genial sobre a evil manager. Esse não está escrito, ainda. Tá na cabeça. Mas não é justo falar sobre ela se eu for começar a poupar outras pessoas.

Talvez eu só precise de algum tempo até a poeira baixar. Até as ideias assentarem. O que pode ser assentado. Tem coisa que não assenta nunca mais.

Acho.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

eu nunca vou perdoar a pessoa que me colocou medo de escrever.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

vou fazer uma confissão. eu venho numa insegurança louca com o meu trabalho. sério. primeiro porque tem a ver com algo que eu descobri que posso fazer há menos de dois anos. que eu já fazia, ok, mas faltava o nome oficial. e que eu tenho a base, ok, mas preciso aprender melhor as ferramentas. e ler os livros certos, aqueles que todo mundo já sabe de cór. e à minha volta tem gente boa, gente que tem as referências, tem a experiência, tem tudo. e eu sei que eu tenho a base, e que eu tenho what it takes. faltam as ferramentas, falta toda a parte teórica. os livros lidos e absorvidos.

e eu estava na oficina, e eu era boa no que eu fazia. e eu estava confiante, e confortável. e quando a firma colorida me chamou de volta, veio para as minhas mãos uma responsabilidade nova. que é assumir que eu tenho exatamente a mesma bagagem que as pessoas com as quais eu trabalho. e EU SEI que ainda existe um longo caminho a ser percorrido. eu tenho talento? tenho. eu sou acima da média? sim. and so are the others. e eu preciso descobrir rápido um jeito de mostrar o meu super-poder.


e a chefa nova. ela fala alto, e ri alto. e é assertiva, e não cai em bullshit. e põe as pessoas no bolso, o tempo todo. e interrompe, e faz perguntas, e interrompe as respostas com novas perguntas. e é objetiva. se tem algo que eu não sou, é objetiva. é algo a aprender.


e eu fiquei com medo dela. medo de ela não ir com a minha cara, e de se arrepender de ter apostado em mim. de ela brigar comigo, e me achar ruim. paranoia, a gente vê por aqui. passei alguns dias evitando eye contact, o tipo de coisa que eu mais odeio em ambiente de trabalho. covardia. me encolhi de um jeito bizarro.


aos poucos, fui levantando. avançando um passo depois do outro. me metendo a olhar umas coisas, e pensando se eu podia propor aquelas coisas. ainda insegura. ainda achando que eu estava lenta demais no processo de me tornar respeitada. porque eu preciso correr, eu sinto isso o tempo todo. toda a falta de foco que eu tenho na vida em geral, quando se refere a como eu conduzo o meu trabalho, desaparece. eu sei exatamente o que fazer pra chegar onde eu quero chegar. e eu sempre sei onde eu quero chegar.


ontem, no meio do caos que se abateu sobre a minha vida pessoal, enquanto a minha janelinha de msn piscava com um querido brigando comigo, a chefa foi à minha mesa. e eu mostrei umas coisas nas quais eu vinha trabalhando. e a janela piscando, e o meu coração doendo. e eu me distraindo disso, e clicando na tela, e mostrando o meu trabalho, e discutindo. e ela dando opinião, e ideias a partir do que eu tinha feito. e a janela piscando.


e ela me elogiou. e veio o primeiro sinal de que sim, eu estou no caminho certo. e que ainda há muito a ser feito, mas que so far, so good.


that's great news. foi a primeira vez, desde que eu voltei pra firma colorida, que eu senti alguma segurança com o meu trabalho. isso precisa ser registrado.


e é isso que eu estou fazendo. registrando.

castelo de cartas

eu tenho mania de achar que qualquer coisa é o fim do mundo. que não tem mais jeito, não tem conserto. eu venho de histórias consertadas, histórias que provam que todo o meu sofrimento, algumas das vezes, não tem motivo. isso não invalida a sensação de fim de mundo. eu quebro, me parto em caquinhos, fico espalhada pelo chão.

achar que meu blog foi descoberto fez isso comigo. me fez brigar com uma pessoa muito querida, me fez me sentir rejeitada por aqueles que eu considero minha família. os meus. eu não quero deletar esse espaço, mas confesso que tem sido muito difícil. eu tenho tido medo do twitter, do toque do celular, das janelas de msn. do meu e-mail. eu tenho medo de ser ainda mais incompreendida do que eu já fui nos últimos dois dias. como se isso ainda fosse possível. eu fui ingênua em escrever exatamente o que ia na minha cabeça, em um momento de susto, e de tristeza.

eu escrevi como eu me sentia. eu fui ingênua, e fui injusta, porque eu não sei dos detalhes da história. eu descrevi o que eu havia ouvido, eu descrevi como aquelas informações me golpearam, e foi um desabafo. e o desabafo, quando lido, soou ataque. ataque a pessoas que são próximas, que são queridas, que são quase família.

ou eram.

agora, em volta de mim, silêncio. distância. eu fico em looping pensando na teoria do pacote. ontem eu ouvi que eu sou cheia de teorias. ouvi coisas que me machucaram de um jeito muito, muito ruim. depois disso, silêncio. distância.

talvez todas as minhas teorias sejam furadas. talvez não exista isso dos pacotes. talvez eu possa ser muito legal de se ter por perto, e de ir jantar, e de ir conversar, até que a minha suposta falha apareça. e aí, falha exposta, eu não sou nada. não sou amiga, não sou querida. sou banida.

eu não sei nada. absolutamente nada. de nada.

um mundo de pessoas perfeitas, esse que eu vivo. que tolinha. achei que podia ser eu mesma.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

get a life.

Eu vinha quase curada da minha obsessão em achar que eu era o centro do universo. Porque eu sempre achei que o mundo estivesse prestando atenção em mim, como se tudo o que eu faço, penso ou falo fosse objeto de estudo e observação. Ana Luiza sempre disse que eu era maluca, e que eu não faço diferença. Que ninguém está prestando atenção em mim.

Eu achei bom. Porque é libertador. Eu não sou o centro das atenções, o que eu falo, o que eu faço ou o que eu penso, não faz, ou pelo menos não deve fazer diferença pra ninguém.


Esse blog é meu. Aqui eu escrevo o que eu quero, eu falo sobre o que eu achar que eu devo. E, no meu blog, vem quem quer. Meus amigos têm a url. Se quiserem ler, eu estou aqui. Eu dou a url para os meus amigos. Se a pessoa me conhece, me pede a url e eu não dou, é porque ela não tem nada o que fazer aqui. No mais, não me importo que desconhecidos descubram o blog. Eu gosto. Tem gente legal que aparece sempre. E, cá entre nós, eu gosto muito dos meus textos. Eu escrevo bem, eu gosto da forma que esse blog tomou. Meu projeto. Eu penso nesse espaço com um sorriso sincero nos lábios.


Tendo dito isso tudo, conto o que aconteceu.


Abri o blog e havia um comentário, assinado por um covinhas. Que bem poderia ser qualquer um, mas juntando as peças, bem poderia ser o próprio. E eu tenho certeza de que é.


E eu não vou nem entrar no mérito de como ele chegou aqui, já que eu não passei o endereço. Porque isso envolve gente (que era) da minha mais inteira confiança passando a url pra ele, na cara dura. E isso: 1) é algo pra ser resolvido na vida real; 2) é algo que eu ainda vou ter que aprender a lidar. Quebra de confiança, a gente se vê por aqui.


A minha questão é outra.


Se eu não sou, de fato, como diz Ana Luiza, o centro do universo, a minha opinião não faz diferença, right? Right. Então eu me pergunto. Por que estaria covinhas, no meio de uma tarde de quinta-feira, digitando cuidadosamente a minha url, pra acessar por livre e espontânea vontade um espaço que é meu, e que concentra o que eu penso, o que eu falo, o que eu faço?


O que faz uma pessoa buscar saber, em detalhes, o que vai dentro da minha cabeça? Já faz tanto tempo. Né?


Então, é isso. Aproveitando o ensejo, ficam os meus votos sinceros de que ele seja feliz, e que construa uma vida linda com essa menina fofa que ele conheceu. Não importa o que eu penso. Não importa o que eu falo. Não importa o que eu faço. As minhas preocupações são minhas, provavelmente frutos da cabeça de uma pessoa que claramente precisa, como ele mesmo, tão gentil, fez questão de dizer, "get a life".


E eu fico pensando que, "having a life" tão incrível e maravilhosa, ele é que não deveria vir aqui, saber o que vai na minha cabeça, investigar o meu mundo, como eu vejo as coisas. Que é o que eu faço no MEU blog. Que é meu canto, meu espaço.


Quem procura, acha. Não procure. #ficadica

Get a life, aparentemente, é coisa que serve para os dois lados. O mesmo serve para um move on.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O maluco do twitter

E a pessoa se vê numa situação, de pela primeira vez, ser Summer. Explico. Ano passado, quando eu tinha acabado de sair da firma colorida, um cara começou a me seguir no twitter. Quando eu não conheço a pessoa, e eu ganho um follow, geralmente eu sigo de volta, pra ver se a pessoa é legal, ou pra, quem sabe, descobrir quem é.

Dei follow. No minuto em que eu dei follow, recebi uma direct message. Ela dizia algo do tipo. "Um absurdo a gente trabalhar na mesma empresa e nunca termos sido apresentados."


O.o

Fiquei bolada, chamei Daniel. Porque era nítido que o maluco estava falando da firma colorida, mas eu tinha acabado de sair. Daniel me disse que era um cara que trabalhava com ele, no mesmo andar, e que o cara tinha uma espécie de crush em mim.

Eu nunca tinha visto a figura. Mandei Daniel avisar que ele estava desatualizado, e que eu não trabalhava mais lá. Continuei seguindo, e sendo seguida.


Duas semanas depois, a menina exótica que hoje é co-worker, me chamou no msn. Naquela época eu achava que ela era lésbica, vejam só. Ela nem é. Ela só é exótica, mesmo. Ela me perguntou se eu estava namorando. E eu achei que ela estava me dando mole, hehe. Eu estava absolutamente encantada com covinhas, no auge. Ela disse que tinha esse amigo, e que ele queria muito sair comigo. Eu disse que estava envolvida com outra pessoa, e que não rolava. Era o mesmo cara do twitter.

Vida seguiu, ele me seguia, eu seguia ele. Nunca respondi a direct message. De vez em quando, muuuuuito de vez em quando, ele dava reply, ou eu dava reply. Em dezembro, eu vi que ele me deu unfollow. Cheia de mágoa de miguxa, deu unfollow também.

Firma colorida de volta, só que agora NO MESMO ANDAR. Cheguei curiosa, querendo saber quem seria a figura. Que estava de férias. Figura voltou, mas eu continuava sem saber quem era. Nisso, Daniel me chama no msn, e cola a seguinte conversa.

Daniel diz:
FYI:
(maluco que me deu unfollow) diz:
sua amiga é mais bonita de perto

Daniel diz:
que amiga?

(maluco que me deu unfollow) diz:
a @madamecedilha

[Madame Ç] diz:
whut?

Daniel diz:
(e eu contei pra ele que colei isso)

[Madame Ç] diz:
meodeos
ele me deu unfollow, hahaha

Daniel diz:
vc fazendo fãs.

[Madame Ç] diz:
eu era feia de longe?

Daniel diz:
ele deve ter te achado MELHOR de perto.

[Madame Ç] diz:
hahaha
envergonhei


Obviamente, Daniel disse pra ele que tinha me dito. E o cara ficou sem graça. E eu continuava sem saber de quem se tratava.

Porque, assim. O momento atual é o seguinte. Eu trabalho num andar CHEIO de homens. Mais que isso. Cheio de geeks. Pessoas sem, hum, traquejo social? Desenvoltura? Naturalidade?

E eu sou carne nova no pedaço, digamos assim. Os comportamentos que eu tenho recebido, tirando o designer bonitinho cheio de graça, mas que tem namorada, se encaixam em dois padões básicos. O primeiro. Gente envergonhada que mal estabelece contato visual. Que mal responde a perguntas e, quando responde, é gaguejando. O segundo tipo compõe a maioria. Gente sem noção, que me olha de cima a baixo, que não só estabelece eye contact, como faz questão absoluta de inserir aí a risadinha safada de canto de boca.

Eu tenho encontrado alguns do primeiro tipo, muitos do segundo. E, depois dessa história da conversa com o Daniel, eu fiquei imaginando que qualquer um que me olhe pode ser o maluco do twitter. Porque ele está por aí, no mesmo andar. E o Daniel fazendo esforço pra me juntar com o maluco. E eu escapando lindamente. E a conversa continuando.

Daniel diz:
os dois mandaram o mesmo smile.
ao mesmo tempo. rola uma sincronia.

[Madame Ç] diz:
ah, aham. pode parar, daniel.

Daniel diz:
eu falei esse lance do smile pra ele tbm. tipo um cupido, sabe?

[Madame Ç] diz:
vc não tem talento pra isso. concentre-se no que vc SABE fazer. inventar apps loucas

Daniel diz:
nao. ja era. vou me concentrar em arranjar namoricos pros amigos. ele senta ai perto. vc pode passar do lado dele e dar uma PISHCADINHAM né?

[Madame Ç] diz:
vc escreve muito bem em carioquês.

Daniel diz:
vamos falar do (maluco do twitter)

[Madame Ç] diz:
não. nem vem

Daniel diz:
ele tem seus problemas, mas é um cara justo.

[Madame Ç] diz:
pode parar.

Daniel diz:
como todos, temos problemas.

[Madame Ç] diz:
isso não é forma de falar das pessoas

Daniel diz:
mas ele é muito gente boa. vou fazer um chat entao.

[Madame Ç] diz:
para. sério

Daniel diz:
obvio que nao vou fazer um chat, cons.

[Madame Ç] diz:
socorro. tenho até medo.

Daniel diz:
mas ele ta todo

[Madame Ç] diz:
hahahhaha. eu não provoco isso nas pessoas

Daniel diz:
(maluco do twitter) says:

Ele mandou uns 6 consecutivos.

Daniel diz:
"agora toda vez que a garota passar eu vou querer me afundar na cadeira"

[Madame Ç] diz:
eu nem sei quem ele é, relaxa. não sei MESMO

Daniel diz:
vc nao provocar em UMA pessoa, nao significa que vc nao possa provocar em outra[s]

[Madame Ç] diz:
é só não me mostrar e ele estará a salvo

Eu continuei sem saber quem era o cara. Até que a curiosidade ganhou, e eu perguntei pro daniel, não sem antes ameaçá-lo de uma morte lenta e dolorosa caso ele colasse a minha conversa na janela do maluco. Ele me mostrou, e eu acho que agora tenho algum controle da situação.

E aí eu não sei como agir. Minha reação mais comum é ficar na minha, que é o que eu faço, mesmo. Mas eu fico pensando em como seria divertido brincar com o maluco, dizendo bom dia cheia de graça, pra ver como ele reage. Virou uma coisa meio eu sei que você sabe que eu sei que voce sabe.

Outro dia, antes de eu saber que ele era "o" maluco do twitter, subimos juntos no elevador. Ele ficou olhando, meio sem graça, mas eu estava concentrada no meu celular. Agora, eu penso que, na próxima vez que a gente esbarrar no elevador, eu posso encarar ele, sorrir e dizer bom dia. Quando ele responder, eu posso dizer: Você me deu unfollow no twitter.

Summer faria isso.

o designer bonitinho

Tem esse menino. E ele é bonitinho. Comprometido, como todo menino bonitinho é. Na vida em geral.

Ele é designer, e tem a maior coleção de action figures de toda a firma. outro dia ele chegou com uma caixa roxa, de veludo. Os geeks juntaram em volta. Era um boneco do coringa, do batman. a cara do heath ledger, com troca de roupa, troca de meias, troca de luvas. o casaco dele, por dentro, tem divisórias para guardar as granadas. Os geeks foram à loucura.


Parece que ele encomenda os brinquedinhos caros e manda entregar na firma, porque se a namorada dele souber, ela briga. Daí, aos poucos, ele vai levando os bonecos pra casa, e disfarçadamente aumentando a coleção.


Tivemos uma reunião, outro dia. Eu levei meu caderno, pra anotar possíveis coisas importantes. Ele foi caminhando pra sala de reuniões em silêncio, ao meu lado. Quando chegamos, ele puxou uma cadeira, e ajeitou pra que eu me sentasse. Eu me sentei, e coloquei meu caderno em cima da mesa. ele olhou pra mim e disse. Anota a matéria no seu caderno, e depois eu copio de você?


Eu morri. Meu coração escorreu e foi parar no chão. Que é isso que me acontece. Na vida em geral.


Tenho 13 anos. Todo mundo sabe, né?

aleatórias


* Hoje é segunda feira de carnaval e eu vim pro trabalho. Aqui na firma colorida, não é feriado. Tá lá, na intranet. Não é feriado. O combinado é mais ou menos assim. Marcou viagem, usa banco de horas. Não marcou, e tem trabalho, vem trabalhar. E eu vim.

* Minha irmã estava aqui no fim de semana e eu passei o sábado batendo pernas na Oscar Freire com ela. Tô super menininha esses dias, comprando coisas bonitas e parcelando o mundo no cartão de crédito. Acho bom.

* Então eu pintei as unhas de cor flúor e vim trabalhar de vestido curto. Porque, teoricamente, diga a firma o que quiser, é feriado. É carnaval, e a minha fantasia é de rampeira.

* Mentira. Meu vestido é fofo, tirando a parte que ele voa com o vento. Fiquei quase nua na Faria Lima. Ao invés de ficar com vergonha, eu soltei uma gargalhada, enquanto tentava, em vão, segurar o vestido. pensei em sair rodopiando e rindo na rua vazia, mas aí também já seria demais.

* Só tem homem aqui no andar. Estão todos em clima de feriado, e pra falar a verdade, eu também estou um pouco. Não tem ninguém da equipe, aqui. Ninguém. Eu vim pra fazer uns desenhos, que eu tenho que fazer anyway. Até agora, só consegui conversas com a Julinha e com a Ana no gtalk, contando das aquisições do fim de semana, meu colar que tem meu apelido escrito, e o outro, de lacinho. A jaqueta de tachinhas da zara, a calça jeans skinny que mais parece legging, de tão colada na perna, e que vai ficar um arraso com as botinhas xadrez. Estou fútil e, cá entre nós, estava precisando.

* A foto do crachá ficou péssima. Tão ruim, que eu tô realmente cogitando perder e mandar fazer outro. Daniel deu uma ideia, e pode ser que eu acate. Imprimir a imagem da Coraline e colar no lugar. Porque todo mundo já diz que eu me pareço com ela, mesmo. Seria uma forma de brincar com isso, e esconder a foto infeliz.

* Eu tenho mais o que fazer. Todo mundo foi viajar, e eu fiquei aqui. A cidade fica vazia e eu gosto mais ainda dela. Aproveitei pra mudar os móveis do quarto de posição pela 5a vez em 3 meses, prender prateleiras - sozinha - e organizar uns livros. Eu gosto de ficar sozinha. Mas não muito.

* Chegou a co-worker. Em choque, me pergunta se são 15h30. Eu a acalmo, e digo que são 14h30. Ela diz. Mas meu computador disse que é 15h30. E eu. A Microsoft conserta o horário de verão. E ela, desorientada. Mas já acabou o horário de verão? Meodeooos. Eu a acalmo, novamente. Digo que deve ter sido um engano, que ela pode voltar o relógio dela pra hora correta, que é 14h30. Ela diz. Eu não tenho noção. Ando desorientada. Eu fico quieta. Porque, né?

=)

* Sem mais para o momento. E, só pra constar. Eu amo esse lugar onde eu estou sentada agora. Mesmo sendo carnaval lá fora. Eu não ligo. A nave-mãe é mais legal.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Das bobagens que me deixam feliz

Saí de manhã pra trocar uma blusa. Na volta, indo deixar o carro em casa, o ipod começa a tocar Eet, da Regina Spektor.

No farol, o carro da frente tinha a placa Eet.

=)

cena da sexta feira

cheguei no trabalho às 11h. trabalhei. saí 12h30 para almoçar com queridos do terceiro andar. me distraí com conversa boa e companhia ótima. cheguei do almoço 14h30. co-worker muito alto olha pra mim com estranhamento e diz.

até que enfim você apareceu.

eu. apareci. finalmente.

O.o

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

epitáfio

a história é bem louca e eu vou tentar contar resumidamente. eu pensei muito antes de escrever, porque a minha ideia é não falar mais nada sobre esse assunto. até porque não há nada a ser dito.

covinhas conheceu essa menina. e ela é bonita, legal, fofa. ela é mais nova, faz faculdade, e vai ser designer, assim como ele é. quando eles se conheceram, foi nítido que havia algo incrível nascendo, e eu tenho certeza de que pessoas românticas seriam capazes de ver fogos de artifício.

whatever.
i was there. eu não vi fogos. eu sou cínica, sempre fui.

e o que foi um encontro casual no aniversário de uma amiga em comum virou um date, e dois dias depois virou namoro. sim, namoro. e eles estão apaixonados, e eles não se desgrudam. e, dez dias depois, ele mandou avisar o galerê que está saindo do apartamento, e alugando um outro pra morar com ela. ele vai tirar a menina da república que ela vive com as amigas de faculdade, vai alugar um apartamento e eles vão casar. algo mais ou menos assim.


todos mundo em choque. eu, naturalmente, em choque. tentando entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que, até um mês atrás, não sabia que outra existia, mas que hoje vai casar com ela. e sustentar. e a minha cabeça dá voltas do tipo. onde está a família dessa garota? onde estão os amigos, alguém que sacuda e fale. espera, uns dois meses que seja. vê se vai dar certo. vocês não se conhecem.


talvez eu seja mesmo cínica. talvez tenha ficado um resto de mágoa de miguxa. eu tenho visto os nossos amigos, amigos dele há anos, assistirem chocados, com um sorriso no canto da boca, imóveis. eu não sei o que eu faria no lugar deles. quando um amigo meu está prestes a fazer uma bobagem, eu sento a pessoa no sofá e converso, e dou esporro, e digo o que eu penso, e tento entender do fundo do meu coração os motivos. eu não tento impedir, vejam bem. mas o meu papel, como amiga, como alguém que se importa, é bem esse. trazer pra realidade. e eu faço.

da mesma forma, eu espero isso. eu costumo ter a cabeça no lugar. mas a gente nunca sabe. se eu estou prestes a fazer uma bobagem, talvez uma das maiores da minha vida, eu espero que os meus amigos me sentem no sofá e me coloquem no eixo. pode sair briga, eu posso ficar com raiva, e discordar, e seguir com o plano mesmo assim. mas, no final, eu vou saber que eles brigaram por mim. e que estarão lá pra me receber quando eu me der conta disso. e isso reconforta.


eu não sou amiga do covinhas. nossa relação foi construída em outra base. perdemos eye contact. eu não posso fazer nada. mas eu me preocupo, porque é isso que eu faço. e eu me preocupo com ele tanto quanto eu me preocupo com os meus amigos, e eu lamento profundamente não estar em posição de sentar esse menino no sofá e trazer ele pra realidade. de que as chances de isso dar certo são pequenas, pra não dizer nulas, porque eles não se conhecem. e que é muito lindo esse amor todo, e que eu espero, sinceramente, um dia estar nessa situação de cegueira extrema, mas que não é ok decidir morar juntos com 10 dias de namoro. que esperem um mês, dois. o suficiente pra ter certeza.

pode dar certo. se der, é uma história incrível para contar para os netos. mas sério. quais são as chances?

fim. assunto encerrado. não falo mais nisso.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Em tempo.

eu mataria miss itaquera com minhas próprias mãos.
antes, eu arrancaria sua língua, e a faria mastigar e engolir.

¬¬

a salada de frutas da firma.

Preciso falar da salada de frutas da firma. Quem acompanha esse blog desde a primeira temporada conhece o meu encantamento com o carrinho de comida. Você tá quieta, no seu canto, e escuta um boa tarde. Ou bom dia, ou boa noite. Essa é a deixa pra que você se vire e olhe o carrinho de comida. Lá tem toda sorte de coisas. Iogurtes, pães, sanduíches, frutas. Chocolates, barrinha de cereal, Coca-cola, chás, a incrível bebida de Aloe Vera. Tudo pago, não se iludam. Mas tudo ali, à sua disposição, sem nem precisar levantar. O carrinho vem até você. E aceita cartão de crédito, débito, VR.

O carrinho tem essa salada de frutas. E eu acabo de pedir uma. Enquanto eu discorria no msn com a Ana sobre o meu encantamento com uma salada de frutas DIGNA, que não custa caro, R$ 3,00 um pote com um tamanho ok, que ainda traz entre os ingredientes o kiwi, a carambola, manga e uvas, fui me dando conta de uma coisa. Eu comecei a desenvolver essa teoria séria de que a carambola e o kiwi estão ali pra te distrair da quase completa ausência de bananas.

Não tem como discordar. Banana é a fruta mais incrível ever. Tem vários tipos, pra todos os gostos. É fácil de descascar, tem alto índice glicêmico, o que te deixa com a sensação de ter comido um doce, e não uma fruta. É fácil de comer, não suja as mãos. É docinha, é a estrela de qualquer salada de frutas. Se não tiver banana, escreve aí, salada de frutas #fail.

E enquanto eu me surpreendia com camadas de carambolas, e kiwis, e mangas e uvas, eu ia *acreditando* que aquela salada de frutas era incrível. Mas à medida que as camadas iam sendo desbravadas, meu coração se apertava sentindo falta de algo que eu não sabia bem o que era. Quando, camadas depois, eu consegui dar nome ao meu luto, a banana, ensaiei um protesto para a próxima vinda da menina do carrinho. Pra, dois segundos depois, dar de cara com a minha querida. Lá no final, na última camada, a banana. 4 rodelinhas míseras, uma tristeza.

Então eu acho que a salada é estruturada pra que você passe pelos estágios todos do luto. Você se distrai com frutas exóticas e acha a salada genial. passa pelas frutas doces e fica feliz de elas estarem ali. Começa a procurar pela banana, mas a manga está tão docinha, e a maçã crocante, vejam só. Cadê a banana? Oh, tem abacaxi. Você fica quase ok pela banana não estar ali, e se sente mal por reclamar, porque, afinal de contas, eles colocaram fucking carambolas no potinho. Alguém já viu pé de carambola em São Paulo? Pois é.

No final, a banana, a redenção. Depois de toda aquela luta, 4 rodelas não parecem assim tão pouco, tendo em vista que, well, elas podeiam nem estar ali. Sinta-se feliz por estarem.

Mas não. Eles não vão me enganar. Estou preparando todo um discurso, uma luta pra que as bananas venham aos montes no pote de salada de fruta. Eu troco minha carambola por uma banana.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

disciplina. tem, mas acabou.

eu tenho uma pesquisa pra ler pro trabalho. fora a pesquisa, eu tenho um livro emprestado da menina colorida, o livro que ela disse, sorrindo, que serve de guia quando ela tem alguma dúvida séria sobre trabalho. tipo de coisa que eu preciso ler, né? tem ainda o outro livro, que eu tantas vezes comecei e parei. que o gerente de covinhas me mandou ler, lá atrás, em 2009, quando ficar na firma colorida ainda era o meu grande objetivo de vida. ainda é.

eu tenho uma bagunça pra organizar. começo a me dar conta da incrível quantidade de coisas que eu acumulo, que não uso, mas que estão ali. meus livros. preciso prender as estantes na parede, desmontar o móvel de módulos pra fazer novos móveis e espalhar pela casa. preciso organizar meus papéis e priorizar, dentre as minhas coisas, o que pode ser arquivado lá na cidade siderúrgica, e liberar espaço no apartamento querido.

tenho que consertar as dobradiças, que eu fiz o favor de quebrar quando descobri a brincadeira incrível que é operar uma desparafusadeira elétrica. chamar pintor, definir a cor do tapete da sala, ver metragem para as cortinas. tenho que mudar minha cama de posição de novo, a quinta vez em três meses, porque o sol bate no meu olho e, do jeito que eu distribuí os móveis, não vai haver espaço para a mesa que eu quero colocar no meu quarto.

um mundo de coisas pra fazer, eu tenho.

não faço nada. a casa está cheia de amigos, sempre, e eu prefiro ficar na sala, esparramada no sofá roxo, discutindo coisas mais interessantes. prefiro ir pro computador, falar no gtalk com queridos antigos e queridos novos. prefiro ir beber martinis com minhas gênias coloridas, e falar mal da evil manager até que um silêncio constrangedor se estabeleça, junto com a certeza de que vamos todas pro inferno. prefiro sentar ao lado da roomie fofa e definir as próximas festas, e discutir big brother, e os dramas da novela.

disciplina. tem, mas acabou.

mas amanhã recomeça. tem que.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sexta feira, dia 05 de fevereiro. 15h24

Ninguém apareceu para trabalhar na minha baia. Ninguém.

Nem o cara muito alto, nem o menino emo, nem a menina exótica, nem a menina colorida de recife.

Só eu aqui.

Sem mais para o momento.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

episódio de hoje. a menina de cabelos vermelhos. o retorno.


eu nem me lembro mais sobre o que, de fato, eu já escrevi por aqui sobre a evil de cabelos vermelhos. porque foi TANTO post dentro da minha cabeça, que ninguém nem faz ideia. eu não sei mais quais deles viraram palavras escritas.

mas então, vamos recapitular. em pouco mais que 140 caracteres.

entrei na firma colorida. descobri que trabalhava com a menina de cabelo vermelho que morava no meu prédio. achei que seríamos amigas. menina de cabelo vermelho parecia legal. não era. achei que era implicância. não era.

ela não prestava mesmo.


guardei a implicância, saí da firma colorida, entrei na oficina colorida. onde a menina de cabelos vermelhos é odiada. onde ela vai como cliente e trata todo mundo mal. onde ela justifica cada desejo de que ela tenha uma morte lenta e dolorosa.

saí da oficina. voltei pra firma colorida.

aqui chegando, descobri que ela tinha sido promovida, em detrimento de pessoas coloridas que eram muito melhores que ela, e que trabalhavam muito mais do que ela. protegida pelo gerente de covinhas, ela ganhou o desapreço da equipe. minha teoria é que essa foi a gota d'água, porque tanto ódio não surge assim, do nada. faltava era coragem de dizer em voz alta que a queridinha do chefe era o demo.

e cá estamos. tomei horror a cabelos vermelhos. o quinto elemento, hoje, pra mim, é um quinto elemento maligno. cheio de tramóias. isso sou eu.

descobri que ela armou a demissão de duas pessoas da equipe. descobri que ela vem minando a oficina pra criar uma área aqui dentro da firma e fazer o mesmo trabalho. que naturalmente, ela seria a chefa.

descobri que every single person da firma colorida, tirando o gerente de covinhas, tem horror a ela. do tipo que quer desistir de ir almoçar se ela fizer menção de levantar e ir junto.

sério. eu só penso na cena final de ligações perigosas, quando a Marquesa de Merteuil desmascarada, na ópera.

o outro galerê

do meu lado, na baia seguinte, tem esse outro galerê. quando eu cheguei, as pessoas vinham me dar as boas vindas e diziam. desculpa o pessoal. não repara no pessoal. well. eu cheguei fofa. eu não tava preocupada com o pessoal.

agora eu estou entendendo tudo.

tem um menino legal. UM. ele é japonês, e senta do meu lado, quase, do outro lado da baia. fizemos integração juntos, o que permitiu a passagem ao estágio seguinte. ois e tchaus, sorrisos e small talk no elevador. em volta dele tem um mundo de mulher.

todas insuportáveis.

uma é loura, e diz daniel que ela é a virgem da firma colorida. e eu. deixa a garota em paz, é direito dela, e coisa e tal. por que vocês ficam fazendo isso? e ele. alô. ela CHEGOU anunciando que era virgem. statement.

parei de defender. porque, né? too much information.

daí ela é chamada de miss itaquera. e eu não sou muito entendida de são paulo pra sacar o que exatamente é itaquera, mas eu arrisco que seja um bairro da zona leste. fiz a analogia pra algo em torno de miss méier. ela tem o cabelo bem comprido, meio barbie, e a voz bem estridente, meio xuxa. ela acaba de botar silicone no peito, e todo mundo sabe disso. porque ela berra a informação.

tem essa outra. antes de eu entrar, o daniel me mandou uma foto cortada, dizendo que ia quebrar a minha teoria das covinhas. ERA UMA FOTO DELA. ela tem covinhas, e é insuportavel. grita, faz show, parece que quer o tempo todo chamar a atenção do andar.

tem outra. uma vez, no meu segundo dia de firma, eu parei num sinal farol a mais ou menos 500 metros de distância, pra atravessar a rua e chegar aqui. uma garota com a pele horrível, e o cabelo bizarro, parou do meu lado. ela estava bem maquiada, mas de um jeito ERRADO. ela estava com um saltinho desses que fazem um desserviço se você precisa andar, na vida em geral. e um vestido NUDE. ela tem cor nude. eu sou branquela e p[álida, eu não posso usar nude. *invejinha de quem pode*. eu acho lindo, mas conheço minhas limitações. ela deveria conhecer as dela. pra completar o vestido nude, o tecido era ERRADO. fininho, tipo viscolycra, daqueles que marcam TUDO que você pode imaginar. cada celulite. ela é magra, esse não era o problema. o problema era a calcinha. era fio dental, e o vestido marcava inteira. eu fiquei bem horrorizada. isso foi na rua, e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que ela chegou comigo, subiu no elevador comigo, desceu do elevador comigo, e sentou na baia ao lado. ah. outro detalhe. ela tem a parte debaixo do cabelo descolorida. tipo querendo forçar uma vibe moderninha, mas ERRADA.

essa completa o trio de insuportáveis da baia ao lado. juntou as três, eu quero morrer. juntou as três em volta do menino japonês querido, eu quero matar e salvar a vida dele.

agora eu entendo o "desculpa o pessoal".

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Arco-íris

Da janela da firma colorida. Não consigo não gostar de chuva, desculpaê.

Dance anthem of the 80's

It's been a long time since before i've been touched
Now i'm getting touched all the time
And it's only a matter of whom
And it's only a matter of when

Regininha Spektor. Sempre ela. (L)

Firma colorida. Apresentação dos personagens.

Do meu lado senta uma menina muito fofa. Ela é de Recife, e ela tem aquelas histórias de roomates que deveriam estar num blog. Ela também gosta de Regina Spektor, e usa botas com meias coloridas por dentro. Ela já tá na shortlist de amigos a serem feitos, aqui.

Atrás de mim fica a menina exótica. Ela é das mais altas que eu conheço, e foi ela que abriu caminho pra que eu viesse pra cá. Ela é a dona do gato Leucê. Tudo que você fala com ela, ela acena com a cabeça repetindo "muito bom, muito bom", ou então "maravilha". Ela também é fofa, mas vive meio no mundo da lua.

Do meu lado ficam dois meninos. Um é mais velho, alto pra caramba, e se espalha pra cima da minha mesa. Não me incomoda. Ele gosta de conversar, e de discutir estratégias para o trabalho que ele está fazendo. Sempre pergunta a opinião das pessoas. Eu adoro dar opiniões.

A menina colorida que veio do 3o andar comigo eu já conhecia. Ela sempre foi fofa, mas eu conheço algumas pessoas que não gostam dela, e que explicam motivos bem plausíveis para a "implicãncia". Cheguei aqui meio com pé atrás, mas ela tem sido nada menos do que muito fofa comigo. Então eu resolvi me despir das coisas que eu ouvi, e me concentrar na minha experiência com ela, que até então tem sido bem boa.

O menino emo chega pra trabalhar às 15h. Senta com os fones de ouvido e ali permanece. Interage pouco, quase nada. Tirando o dia da cozinha. A impressão que eu tenho é que se a gente puxar, ele vem. Mas se ele não for puxado, ele fica lá, perdido na própria bolha.

A namorada do menino emo trabalha mais ou menos perto de mim. Eu sei que eles são namorados porque ela é conhecida assim, com a namorada do menino emo. Ela é muito séria, e tem sempre uma cara emburrada. Tem um cabelo lindo, com cachos largos. Mas a cara emburrada faz com que eu sempre olhe pra ela e a enxergue velha, daqui a 30 anos. Ela já tem a cara de daqui a 30 anos.

A menina japonesa fica lá do outro lado. Ela gosta de maquiagem, e está sempre arrumada de um jeito engraçadinho. Outro dia ela estava com delineador verde. Ela sempre tem as cores de esmalte mais incríveis. E ela tem esse cachecol que é de pelúcia, imitando um vison morto enrolado no pescoço. Ela é fofa.

A menina de aracaju é muito amiga da japonesa, e senta do lado dela. Ela tem um corte de cabelo curto e moderninho, e hoje estava com uma tiara que parecia uma coroa. Achei fofo. Ela é meio gordinha, bonitinha, e está sempre colorida e maquiada. Ela sabe maquiar os olhos de um jeito que eu acho bem legal.

A chefa colorida deve ter 1,50m. E ela bota medo. Ela usa roupas engraçadinhas, e tem um corte de cabelo que eu acho genial. Tem uma tatuagem gigante nas costas, e uma filha de 10 meses. Ontem a babá ligou pra dizer que a bebê tinha dado os primeiros passos. Ela ficou de coração partido por estar longe.

Ela fala alto, e tem um jeito meio ríspido de falar. Assertivamente, sabe? Ela não mede as palavras, e tem um tom sempre impositivo. Já vi ela dando broncas nas pessoas, e esses dias eu vi ela botando o gerente de covinhas no bolso com um esporro genial. Ele parece um menino, perto dela.

O super poder dela é ser ninja.

Alice no país das maravilhas

Sabe quando a Alice está gigante, lá no País das Maravilhas, e ela começa a chorar? E então ela encolhe, encolhe, encolhe, e fica coberta até o queixo, quase afogando nas próprias lágrimas?

Alice sou eu.


Tem hora de inflar, tem hora de encolher. Eu venho encolhendo. Não é só o trabalho e o mundo de coisas que eu tenho que descobrir, o mundo de pessoas que eu tenho que impressionar. É a vida, em geral. Preguiça, mesmo.


Perdi terapia hoje. Porque estava lá, demarcando um território que precisa ser conquistado. Covinhas são inexistentes no andar. Quer dizer. Talvez até existam. Não sei, não tomo conhecimento. Eu ando perdida por demais nesses últimos dias. Não é questão de estar feliz, porque eu estou. É a adequação à nova vida, às novas pessoas, às novas situações com as pessoas antigas. Eu devia ter ido à terapia, pra tratar essas questões.


Tem coisas que nem escrever aqui, eu posso. Por conta das escolhas todas que eu faço, e das pessoas pra quem eu dei o endereço do blog. Não, não é você que está lendo, ok? Mas esse lugar acabava me dando mais proteção antes. E essa proteção não existe mais. Tem uns posts que eu faço só na cabeça. Porque não cabe me expor. Eu já me exponho demais.


Alice só passa perrengue no País das Maravilhas.