segunda-feira, 29 de março de 2010

o menino da nova zelândia

num dos meus primeiros posts sobre a firma colorida, não sei se alguém aí vai se lembrar, eu mencionei o menino da nova zelândia. que tinha surtado e ido ver as coisas exóticas lá do outro lado do mundo, e que nave mãe mandou buscar, e fez uma proposta que ele não pode não aceitar, bem don corleone style, e daí ele voltou. e que ele anda pela firma com havaianas, e é super bronzeado, e tem pulseirinhas coloridas nos punhos e tornozelos. eu não sei se ele é propriamente bronzeado, ou se é moreno mesmo. não entendo de melanina, meu forte sempre foram os meninos branquinhos.

esse menino bronzeado zanza pela firma como quem nunca deixou a nova zelândia. eu fico imaginando como vai ser quando o frio chegar, e ele tiver que trocar as calças jeans rasgadas por calças que não deixem entrar vento, e cobrir os dedos dos pés com sapatos.


nunca tivemos muito assunto, mas teve um dia que ele me encontrou na cozinha - ele não trabalha no meu andar, veja bem. ele trabalha lá no 4º andar. ele sobe quatro fucking andares e vem tomar café aqui na minha cozinha, que é onde estão os amigues dele. nesse dia, na cozinha, ele estava me dizendo que tinha esse cara que bateu a cabeça e perdeu para sempre o paladar e o olfato. tipo brain damage, mesmo. mas que ele sentia gosto de coca-cola. eu fiquei até achando que dos males o menor, porque coca-cola é coisa incrível, e não deve nunca nunca ser vetada a um ser humano.


e aí hoje a gente foi almoçar. não eu e ele, mas eu e umas pessoas, e uma das pessoas tinha chamado ele. e ele tava de que, adivinhem, havaianas. ele não é exatamente o tipo de cara que eu olho e, prestando atenção, ele não é exatamente bonito, mas é bem o tipo de cara que meninas bombadas de cabelos louros caem de amores. não eu. a pele é meio curtida de sol, piercing na sobrancelha, piercing na língua - esse eu só descobri hoje, e confesso que fiquei levemente curiosa.


no restaurante, sabe-se lá por que, surge o assunto seriados. ok, não é exatamente um sabe-se lá por que, mesa que eu estou SUPER pode ter assunto de seriado, e eu sou bem a pessoa que incentiva. mas aí, o menino da nova zelândia começou a participar, primeiro pedindo encarecidamente que ninguém entregasse nenhum spoiler de lost, já que ele está atrasado. depois emendamos a conversa e confesso que fiquei impressionada. ele ama séries, assim como eu. um assunto levava a outro, uma série levava a outra, e eu posso dizer que a gente citou mais de vinte. e que ele tinha visto de tudo, e que eu tinha visto de tudo, e a gente trocou informações sobre dawson's creek, que ele viu e não tem vergonha de assumir (e eu confesso que achei bonitinho), party of five e wonder years. e ele disse que não tem preconceito, que começou a ver gossip girl e que acha o chuck bass um bom personagem, e que não gosta do remake de 90210, mas que vê melrose place. eu não vejo melrose, mas vejo 90210.

e, lá do céu, aaron spelling sorriu levemente, e abençoou a nossa conversa.


resumindo, amiguinhos, foi meio que um encontro de almas. e eu pretendo levar esse meninë mais vezes no almoço, pra ver se ele é mesmo essa pessoa legal com mais afinidades comigo do que poderia supor minha vã filosofia. é mais velho, é mais alto e tem um bom nome. check, check, check. não tem namorada, até onde eu consegui pesquisar. tem boas referências. o piercing na língua é um plus a mais, como diria a ex roomie. achei interessante.

quinta-feira, 25 de março de 2010

cena ocorrida há alguns dias.

aniversário de uma amiga, gente legal, lugar legal, todo mundo feliz. daí chega essa outra amiga, e diz que eu tenho que conhecer o namorado dela, e traz pelas mãos um menino de cabelo bagunçado e cara ótima.

somos apresentados, conversamos amenidades, descobrimos afinidades, como ela mesma já dizia que a gente tinha. conversa ótima, parecemos amigos de infância em pouco mais de cinco minutos. daí ele me diz que esteve na firma colorida pruma reunião na sexta feira, e que foi em vários andares, e que está sempre lá. eu digo o meu andar, e ele diz que esteve exatamente no mesmo andar, e que a gente devia ter se esbarrado.

e eu. cara. mas porque você não foi falar comigo? eu tava bem ali, vc nem me procurou.

e ele. eu não te conhecia.

e eu. ah, é. hahaha.

quarta-feira, 24 de março de 2010

enquanto isso, no twitter

gente que dita um monte de regra e depois diz que não existe regra. #bullshit

(porque tem gente que não pode ler lá, porque eu coloquei cadeado, e coisa e tal. mas que eu tenho certeza de que adora vir aqui ler o que eu escrevo.)

;-)

segunda-feira, 22 de março de 2010

é bom que se diga. pra não haver confusão. eu odeio ser a amiga que põe no sofá. e que diz que vai dar merda. odeio com todas as minhas forças.

da mesma forma, quando a merda acontece, não há nada no meu rosto que se assemelhe a satisfação. ao "eu bem que avisei". dói igual, em mim.

porque é comigo, também.

sexta-feira, 19 de março de 2010

como não usar o twitter, by evil manager

E aí tem a evil, né? Essa semana eu dei uma surtada. Porque eu nem sigo ela no twitter. Quando ela entrou na oficina e me deu follow, a primeira coisa que eu fiz foi dar block. Com o curso natural dos acontecimentos, ela me deu unfollow e block. Mas o twitter dela é aberto, modos que eu posso ir lá hora que eu bem entender buscar coisinhas que me interessem.

A evil se apresenta no twitter como amante da web. Ela fala internauta. Outro dia, no twitter, alguém definiu muito bem. Porque lá na firma colorida também se fala internauta. E eu acho internauta um termo que faz sentido quando a internet era um troço que ia bombar no futuro. Hello, o futuro é agora. Internauta datou. Enquanto termo. ;-)

E existe essa resistência em chamar as pessoas que navegam em sites de usuários. Por causa de uma conotação negativa, de usuário ser usuário de drogas. E aí no twitter, alguém definiu. Usuário é quem navega no mundo das drogas. Internauta é quem navega em 1995. Eu não poderia concordar mais. Mas, precisando, eu escolho usuário. E nem associo a drogas, a história toda. Internauta é termo que me dói na alma.

A evil manager fala internauta. Não bastasse o cabelo, não bastasse o vestido de chita, não bastasse a calça de moleton, super usada esses dias, ela insiste em acreditar que entende de internet. E, well. A gente dá o benefício da dúvida. Vai no linkedin da criatura, e vê que, sim, ela teve passagens por empresas de internet, desde os primórdios.

E a evil manager tem orkut, e facebook, e twitter. Mas ela parece ignorar solenemente o básico do básico sobre o twitter. Ela usa errado. Ela usa pra bater papo, mandar recado pros amigues. Coisas que o telefone ou o msn, ou mesmo o email, resolveriam facilmente. Mas ela escolhe o twitter.

E não é de hoje que ela mistura o erro de não saber usar o twitter com o erro de não saber ser gerente de projetos. Isso multiplica, potencializa, vira epic fail. Tag ela não sabe fazer. Por exemplo. Tipo. Ela lê todo mundo criando tag, e é incapaz de aprender como se faz uma. Gasta caracteres a rodo, estraga tudo botando acento, separa palavras com underline.

Mandar recado é coisa que eu não perdoo. Desde que ela entrou na oficina, foi um festival. Continua sendo. Ela fica brava e twitta. Ela manda indiretas. Ela reclama. Todo mundo já foi premiado. Eu fico pra morrer. Porque isso é tão imperdoável. É erro de gestão, é erro de compreensão da ferramenta, é antiprofissional ao extremo.

E ela tá mexendo com as minhas queridas. As indiretas são pra elas. Como, meses atrás, a indiretas eram pra mim. Reclama do mau humor, twitta dando a entender que vai demitir alguém. Como essa pessoa pode ter a pachorra de dizer que entende de internet? Não entende. Não faz a menor ideia. Nem de internet, nem de como administrar a equipe.

Pra ilustrar o tamanho do drama:

1) quando ela sentiu que a equipe não concordava, digamos, com os métodos dela
2) imediatamente depois que eu pedi demissão, e que não concordei em ficar mais tempo do que o meu aviso prévio pedia. a frase bíblica eu não entendo, nunca me liguei muito nesses troços de religião. a faxina é uma semi ameaça ao resto da equipe, esquecendo que quem tinha dito que eu ia sair era eu, e não ela.
3) meu top5 melhores conversas de 2009, quando ela ficou brigando por causa de prazos e eu discordei. e eu disse que ela não entendia nada de nada. ela foi pro twitter e me chamou de antiética.
4) praga rogada imediatamente depois que eu saí da oficina. eu retwitei, malandra que sou. a tag timewilltell faz sucesso e, mermão, time IS telling. pra mim e pra ela.

5) quando a equipe, pós minha saída, chegou à conclusão de que o problema era ela. madame ç fazendo escola, hehe.
6) twit feito imediatamente antes de demitir uma das meninas. falta de profissionalismo, a gente vê por aqui.
7) mostrando que não entende coisa com coisa em internet. Que tá tão concentrada em ter foco, que se perde do mundo, na vida em geral.
8) twit identico ao meu, feito imediatamente depois que a gênia colorida pediu demissão. continuamos sem entender o significado. esses troços de religião, sabe como é. respeitamos, mas não entendemos.9) se sentindo perseguida quando virou consenso que ela não era nada boa, mesmo. well. eu digo que o gato é preto. e que o gato apenas se vê vermelho. atenção ao equívoco na criaação de tags.
10) reclamando no twitter que as gênias são negativas, e que o problema é com elas, e não com os prazos loucos.

E aí você pergunta. por que diabos eu ainda to falando sobre isso. Well. É que ela mexe com as minhas amigues, sabe? E eu tô cantando a bola de que ela é louca há meses. Então, sabe como é, ainda tem assunto.

statement

Eu tenho umas ideias bem xiitas quando se trata de trabalho. Eu penso assim. Se você vai trabalhar com internet, mermão, esteja na internet. Não aguento esse pessoal que faz discurso dizendo que orkut é porcaria, e que só serve pra xeretar a vida alheia. Orkut é ferramenta. Se você trabalha com internet, esteja no orkut. Não precisa ficar entrando e interagindo, mas tenha o seu login, entre de vez em quando, saiba como se navega, pra que que serve, o que ele disponibiliza. Saiba se ele permite bloqueio de updates, como funciona o upload de fotos. É referência. Tudo é. É assim que funciona, internet. Eu tenho perfil em toda rede social que surge. Eu posso até não usar. Tá lá, se eu precisar eu entro. Serve pra pesquisa, serve pra ver como as coisas se movimentam, sentir o ambiente. Se eu trabalho com iphone, eu tenho que ter um iphone. Porque eu preciso ser familiarizada com tudo que acontece com interface de celular. Eu preciso estar a par dos aplicativos, do que que se anda fazendo.

É preciso saber pra que serve cada coisa. Tipo. Eu fui atacada, todo mundo sabe, por escrever no blog. Mas eu estava escrevendo NO MEU BLOG. Ferramenta adequada. Eu fui atacada via twitter. Ferramenta inadequada. Twitter não é pra mandar recado. Twitter é pra falar coisas aleatórias, pequenos statements, no máximo, brincar com outras arrobas. Não se ataca ninguém no twitter. Porque não cabe. MSN é pra conversa. Twitter não é pra conversa. Se twitter vira uma coisa de duas pessoas conversando, as duas bem poderiam ir pro msn, ou prum bar, conversar sem plateia. Porque twitter tem plateia.


Então, se a pessoa trabalha com internet, eu acho que isso é bem básico. Se trabalha com mídias sociais, isso é bem básico. Se trabalha com comunicação, isso é básico. Não dá pra permitir erro vindo de quem, teoricamente, tem noção do que se trata.

os buracos

Seria mais fácil deixar pra lá, simplesmente não me importar. Ser como aquelas pessoas que se ligam e se desligam umas das outras, sem drama nem coração partido. Eu não sei ser assim. Quando eu abro espaço para uma pessoa existir na minha vida, dificilmente ela vai sair. Ela pode querer sair, e brigar comigo, e gritar para o mundo, e dizer que me odeia, e que eu não sou de verdade. A gente pode se afastar e nunca mais se ver. Eu vou chorar, vou sofrer, o coração vai doer. Eu vou sentir saudades. Eu jamais vou preencher o espaço que era dela com qualquer outra coisa. O buraco vai comigo. Eu vou entender, a dor vai abrandar. Eu vou abrir novos espaços para novas pessoas. Mas o buraco vai comigo. Eu não sei me desvencilhar. Seria mais fácil se eu soubesse. Eu não sei. Sinceramente, nem sei se gostaria de saber. Se saberia ser uma pessoa que se cola e se descola. Eu acho que ser como eu sou, e carregar o peso do mundo nas costas quando se trata de amizade, é o que me faz, de alguma forma, especial. Não vai ter um aniversário que eu não me lembre. Não vai. Eu vou lembrar dos números de telefone, das fotos, dos momentos. Vou lembrar da pessoa ao folhear uma revista. E querer, de todo coração, mandar um e-mail com algum link que tenha me feito lembrar dela. Não vai nunca haver espaço para que outra pessoa a substitua. Porque não cabe. Aquele espaço, mesmo vazio, é tomado. E fica ali, sem ser dela, sem ser meu, apenas me acompanhando.

quarta-feira, 17 de março de 2010

greys anatomy é amor

eu vejo greys anatomy desde quando começou, e eu ainda tinha todo tempo do mundo pra assistir seriados. bons tempos. naquela época, eu tinha uma rotina simples, trabalho, casa. uma rotina monótona, convenhamos.

eu comecei me apaixonando por george. adorava ele meio perdido, meio loser, tentando fazer parte do grupo. eternamente apaixonado por meredith. engraçadinho, aquele amigo que todo mundo tem por perto. ou gostaria de ter. depois tinha a bailey, a christina. eu acho que greys anatomy tem, hoje, o conjunto de personagens mais consistente de todas as séries que estão no ar. se a gente for pensar um pouquinho, o conjunto mais consistente de todas as séries que já saíram do ar. aí você diz. não, teve os sopranos. teve six feet under. concordo. ainda não vi os sopranos, tenho certeza de que vou ficar chocada quando assistir. mas greys é incrível. todos os personagens são bem construídos, todos podem ganhar destaque a qualquer momento, e carregar a série nas costas. tipo patos voando, aquela coisa de assumir o comando do grupo.


eu quase morri de chorar quando a grey caiu na água gelada e ficou entre a vida e a morte. quase morri com a izzie, quando o danny duquette morreu. e ela estava com aquele vestido de festa lilás, e ela ficou deitada ao lado do corpo dele, chorando. e o alex pega ela no colo e tira ela de lá. o alex. cretino toda vida, de longe o maior filho da puta que greys anatomy já conheceu, grosseiro. mas cheio de particularidades, cheio de traumas de infância, vai desarmando aos poucos. e ele fode o george, entrega ele de bandeja pros outros internos. ele deixa todo mundo na mão, ninguém pode contar com ele. e aí ele muda e se vê capaz de achar que pode consertar o mundo e cuidar de uma pessoa doente, e proteger ela até de si mesma. epic fail. eu acho o alex um dos personagens mais legais. ele é escroto, é. mas ele é doce.


e aí na segunda temporada a meredith, enfiando os pés pelas mãos, dorme com o george. e a gente tem aquele diálogo incrivel nas escadas do seattle grace, com o mcdreamy puto com ela, e insinuando que ela é uma vadia. e ela diz. I make no apologies for how I chose to repair what you broke. You don't get to call me a whore.


eu sempre, sempre lembro dessa cena. sempre. e a vida segue, e entram novos personagens. e são todos tão bons. little grey, addison, mcsteamy. e a christina yang continua me deixando sem ar, querendo ser a melhor cirurgiã ever. e aí aparece o owen, perturbado. adoro personagens perturbados. sem contar que ele é ruivo, ruivo. (L)


e a callie vai ganhando a história, e se divertindo com seus martelinhos, consertando ossos. E surge a arizona. apresentando um mundo mais leve, dizendo que pedriatics é, sim, hardcore, e ensinando pro alex que ele pode ser um puta cirurgião infantil. e mostrando pra bailey que ela tem jeito pra coisa. a bailey. a nazi. e ela desliza pelos corredores do seattle grace com aqueles tênis de rodinhas, e ela é loura de um jeito quase que angelical. e ela é a médica das crianças. e ela tem problemas com autoridades, e chora toda vez que precisa tomar ou dar bronca em um superior. acho tão incrível.

e aí, quando você acha que a izzie já deu tudo o que tinha que dar, ela casa com o alex. e o o'malley morre, no episódio que me deixou mais destruída ever, na minha longa história com todos os seriados do mundo. levassem a izzie stevens, eu digo. leave george alone. mas não. e a gente vai aprendendo a lidar com a perda, e a gente vai vendo que nem a izzie era tão necessária, e o drama dela vai amolecendo o karev. you died on my fucking arms, ele diz. e ela olha pra ele, e a gente sabe que, mesmo os dois se abraçando, tudo ali está perdido. ela morreu. nos braços dele. e agora ele tem cacos pra catar, do jeito que ele conhece. sendo escroto, pegando as enfermeiras, se distraindo com a little grey.

e aí voltamos pra christina, no seu drama com owen, no triangulo com teddy. e a christina fala do burke pela primeira vez em três temporadas, desde que ela teve as sobrancelhas raspadas e foi largada no altar. e a meredith ajudou ela a tirar o vestido, porque machucava demais estar vestida de noiva, eyebrowless, abandonada no apartamento vazio. e ela olha pro owen e explica tintim por tintim. do que ela é feita. burke took something away from me. e a cena vai inteira, sem cortes, e as lágrimas saltam dos olhos da sandra oh, e você se lembra exatamente o motivo pelo qual a christina é so fucking awesome. porque ela é driven, como nenhum outro ali. e se ela perde isso, ela se perde dela mesma. e o owen took something from her, assim como o burke. e ela encara ele com olhos de morte, e diz. i won't let that happen ever again. e você cala a boca. e pensa na sua vida. e diz isso, dentro da sua cabeça, pra quem quer que seja que esteja te desviando do seu caminho. porque é isso que a gente faz.


é tanto personagem bom. é a meredith acusando o mcdreamy de passar por cima do que é correto porque ele é ganancioso. e ele diz we are the same. e ela cala a boca. porque eles são. porque todo mundo é. e o owen dizendo pra meredith que eles são um good team. e ela olha na cara dele com um sorriso genial, e diz que eles não são team coisa nenhuma. que team é ela e a christina. e que se ele machucar a christina, ela vai go after him.


é de tirar o fôlego. toda vez. não tem jeito. é bom demais.


e eu sei que eu fico repetidamente botando expressões em inglês. i'm sorry. é que os diálogos são tão bons, tão bons, que não tem expressão em português que chegue perto deles.

terça-feira, 16 de março de 2010

laços


a firma colorida se tornou um grande apanhado de queridos. porque dessa vez não tem a parte de ir conhecendo. eu já conheço. e não tem a parte do ir se integrando. eu cheguei integrada. é o melhor cenário. eu tenho toda uma equipe pra conhecer e aprender a gostar, quem sabe ficar amiga. e eu tenho toda uma equipe que já me conhece já gosta de mim, e já me considera amiga. eu tenho queridos pipocando no msn quando a hora do almoço se aproxima, eu tenho queridos que já pedem a minha coca-cola normal só com gelo desde antes de eu estabelecer contato visual com o garçom. e entre esfihas e kibes e babaganoushes, a gente discute a vida, e elabora planos de fugas mirabolantes pra não ter de almoçar com a menina de cabelos vermelhos, e troca historinhas de trabalho. e combina liquidações, e fala sobre cortar cabelo. e troca links de greys anatomy.

isso é pertencimento. eu entrei lá ano passado tão ansiosa por descobrir amigos, e quando eu voltei, eles estavam todos lá. de braços abertos.


ao mesmo tempo, os queridos novos. um mundo de afinidades sendo descobertas, de links de rss iguaizinhos nos respectivos readers. e lojinhas de vestidos online. e discussões absolutamente deliciosas de trabalho, de internet, de como as coisas funcionam, e como nós achamos que deviam funcionar. um monte de experimentos. eu faço os meus, e hoje eu estou bem segura deles. aos poucos eles me chamam de cons pela primeira vez, e eu sempre noto quando isso acontece. e guardo o momento. acho a coisa mais linda. aos poucos eu sou incluída nos emails de discussões internas, quase que um convite a espiar o mundo deles. eu gosto de espiar. tem todos os sotaques do mundo. a menina de recife se despede falando um "chêro", assim mesmo, desse jeito. e atende o telefone falando "pronto". e fala "tarra" no lugar de estava. eu sou a carioca que fala mermão, e tem as meninas que falam meu. uma mistura muito, muito legal.


e na terapia o assunto do momento é o meu desespero em criar laços. em ficar amiga, me aproximar, me tornar importante para as pessoas com as quais eu convivo. algumas das vezes, eu falho miseravelmente. não foi a primeira vez. possivelmente, não será a última. é isso que eu faço. eu crio laços.


e aí eu paro pra olhar os meus laços mais firmes. as gênias coloridas, os amigos do rio desgarrados em são paulo, os amigos do rio ainda no rio. é com eles que eu conto. é com eles que meu chão é firme. as pessoas coloridas da firma colorida são o inicinho de chão, sedimentado a cada dia, um tiquinho por vez. do resto, nada se sabe.

segunda-feira, 15 de março de 2010

e aí a tonta aqui resolve olhar pra quem? quem? o designer bonitinho que tem namorada. tem jeito não. eu não tenho conserto. eu devia era olhar para o maluco do twitter, que é ok, vejam bem. todo metido a moderninho, com camisetas coloridas escondendo as tatuagens. óculos de aro grosso. eu percebo ele me olhando por cima do monitor toda vez que eu passo. é questão de tempo até ele olhar direito e ver que eu não tenho nada de especial, que sou comum, comum. se eu fosse esperta, aceitava a corte enquanto é tempo, como diria minha avó. os 30 vieram, quanto tempo mais eu tenho pra ficar de mimimi?

mas não. eu prefiro me engraçar com o designer que tem namorada, dono dos bonecos mais incríveis em cima da mesa. hoje, eu estava choramingando, porque o carrinho de doces não tinha salada de frutas. daí pedi uma coca. sabe como é, coca-cola conserta a vida, sometimes. e aí não tinha. e eu fiquei desolée. e ele veio todo simpático, dizer que tinha uma coca-cola na gaveta dele, e que me dava se eu quisesse. meu coração derreteu, escorreu e foi parar no chão. quer me conquistar? me oferece coca-cola.

mas não. não cabe. rapazinho tem namorada, que eu já descobri muito bem, stalker que sou. falei que coca quente eu não queria, e ele até disse que a gente botava na geladeira, mas eu achei por bem recusar. se eu bebo a coca que esse menino me dá, perdeu-se para sempre o meu bom senso.

sexta-feira, 12 de março de 2010

as múmias

uma vez, quando eu devia ter uns sete, oito anos, eu tive um sonho. eu sonhei que uma casa na rua onde eu morava estava lotada de múmias. múmias tipo essas de desenho animado, que são enroladas com faixas e têm só os olhos descobertos, e andam com os dois braços estendidos à frente, em direção às suas vítimas.

no sonho, eu era avisada que a casa estava cheia de múmias. e, ao invés de correr pra longe, impulso natural, eu ficava eufórica, e corria justo em direção à casa. entrava na sala, e elas estavam andando, errantes, por todo o lugar. então, eu ficava encostada numa parede, olhando pra elas, vindo na minha direção.


eu sentia muito medo. e então eu escapava pela porta e corria, corria, até minha casa, a muitos metros dali. em casa, já em segurança, eu ficava entendiada. e eu voltava pra lá. eu buscava as múmias, buscava a situação de desconforto, de medo, de estar vulnerável.


isso era um looping eterno, no sonho. eu escapava e ficava em segurança, mas algo mais forte me levava a correr em direção das múmias novamente.


a minha vida toda eu tive um comportamento parecido com esse, do sonho.


eu busco as múmias, eu me coloco à disposição delas, pra ser assustada, acuada, machucada. eu procuro saber, eu peço pra ouvir. eu sempre tenho a chance de correr e ficar em segurança, mas voluntariamente eu abro as portas, as janelas, abro acesso. uma tentativa meio descontrolada, de, hum, vejam a contradição, controlar alguma coisa.


well. eu não controlo coisa nenhuma. eu controlo o que eu faço, o que eu digo, a pessoa que eu sou com os meus amigos. eu sou uma boa pessoa. e o que as outras pessoas pensam de mim, o que as múmias gritam e pregam, não é da minha conta. é problema delas.


então, só pra experimentar, eu resolvi fazer diferente. eu escolhi, pela primeira vez, não buscar as múmias. deixá-las dormindo num canto, andando sozinhas entre aquelas paredes, de um lado pro outro. se eu escolher não entrar na sala, elas não podem me intimidar.


só de ter feito isso, o coração se acalmou. a cabeça clareou. foi a melhor coisa que eu podia fazer por mim. abandonar esse padrão.

quarta-feira, 10 de março de 2010

a menina de cabelos vermelhos ataca novamente

Todo mundo sabe que não é de hoje que a menina de cabelos vermelhos não me desce pela goela. O que começou com uma antipatiazinha gratuita lá no passado longínquo, se transformou em aversão e horror nos tempos de oficina colorida, e se mantém como aversão e desprezo na firma colorida - segunda temporada. Com a diferença que o fã clube ganhou adeptos, e é sempre muito divertido arranjar histórias mirabolantes pra fugir dela no almoço. A criatura não percebe que não é bem-vinda. Não. Percebe. Ela não pode ser assim tão cheia de super poderes, já que uma coisa simples, percepção do ambiente que a rodeia, falha tão miseravelmente.

E eu coloquei as minhas sapatilhas com brilho pra vir trabalhar hoje. E cheguei no trabalho com bolhas nos dois pés, e passei a manhã fazendo discursos no twitter sobre os meus direitos de ter sapatos bonitos e ir trabalhar com eles, sem ter a pele arrancada pelas dez quadras de trajeto.

E não é legal vir no sol. Eu quero meu carro comigo. E todo o meu discurso era baseado nisso. Em quanto eu quero que a minha vaga no estacionamento da firma chegue logo, pra eu poder dar adeus a essa vida carbon free, e vir de carro, e usar saltos e sapatilhas fofas.

No almoço, o assunto se estendeu. Na verdade, o almoço ficou tenso na hora em que a porta do elevador se abriu e a menina de cabelos vermelhos estava lá. Ninguém nunca convida. E ela sempre se insere. Houve uma época em que eu via as pessoas querendo almoçar com ela. Hoje, eu vejo caras torcidas, e desconforto. Elvis has left the building.

Eu estava no almoço com meus amigos. E o assunto voltou para as bolhas, e eu repeti que queria meu carro. A menina de cabelos vermelhos começou a dizer que pensou em comprar carro, mas fez as contas e desistiu. E que ela não precisa de carro, e que ela faz tudo andando, e bla bla bla whiskas sachê, couldn't care less.

O assunto continuou, e eu disse que não me estressava com trânsito, porque as minhas distâncias eram curtas. E ela resolveu me dar lição de moral. Ahn. É, porque você não precisa, de fato, ir de carro, porque você pode muito bem percorrer essas distâncias a pé. Gente. Lição de moral. Socorro. Eu respondi. Exatamente. Eu não preciso. É uma escolha minha, e que eu faço.

Climão.

Chego na mesa e tem twit dela, aquela criaturinha adorável.

"Eu consigo andar a pé sem perder o estilo, obrigada. #pedestrepride"


Ao que eu respondo, né?

"Estilo é outra coisa. i'm sorry."


Eu nem vou começar a discutir com ela o que é estilo. Se meter no almoço dos outros não é estilo. Ser indelicada com as pessoas não é estilo. Armar a demissão de dois co-workers não é estilo. Comentar, quando um co-worker falta o trabalho, que se ele tiver morrido é bom avisar logo, porque ela já tem uns dois amigos pra botar no lugar não é estilo. Pintar o cabelo de cor mercúrio cromo toda segunda feira, porque na sexta a tinta já desbotou e ficou laranja não é estilo. Deus mata um panda bebê a cada vez que ela pinta o cabelo daquela cor radioativa. Ela só usa sapato de plástico. Nada biodegradável. Não é estilo.

No final, todos concordaram. Ela não é bem-vinda. E não será mais.

I win.
estava escrevendo uma carta. coisa mais anos 80. uma carta prum sindicato, pra botar eles no devido lugar e dizer que no meu contracheque ninguém mexe não. holerite, em são paulo. whatever. contracheque perdeu hífen? já teve hífen? como se escreve?

daí, estava na mesa, escrevendo, escrevendo. eu ODEIO escrever à mão. anos em frente ao computador moldaram meu raciocínio pra escrever mais rápido em qualquer editor de texto. a minha letra involuiu, e hoje não existe um padrão pra coisa nenhuma. o mesmo S sai de jeitos diferentes, às vezes na mesma palavra. linha reta? não há. margem? are you kidding me?

e a chefa fofa chegou por cima dos meus ombros e gritou. eu escrevi issooooo? e eu não entendi, e olhei pra ela, e ela. é a minha letraaaa. e eu. não, chefa, é a minha. e ela. jura? e eu. sim. minha letra.

e ela esticou os olhos e falou. a nossa letra é idêntica.

com isso, crianças, podemos concluir.

1) qualquer exame desses de grafia whatever vai apontar que nós temos a mesma personalidade. o que facilita O MUNDO pra ela gostar naturalmente de mim. porque we are the same.

2) eu posso falsificar a assinatura dela. e mandar uma carta pro rh, mandando dar aumento pra menina nova, fofa toda vida. eu.

making conversation

Aos poucos, o trabalho vai entrando no eixo. Eu vou sentindo o chão mais firme, vou enxergando os próximos passos com mais clareza. Chegou o meu designer. Não é meu, meu, mas ele chegou pro mesmo projeto. Então, é bom saber que tem alguém cujo trabalho é fazer ficar lindo tudo o que eu invento. E discutir comigo. Eu nunca vou ficar cansada de discutir com um designer. Começou com Julinha e Veneceous, e não parou mais. É o tipo de coisa que eu adoro, mesmo. Ter designer em volta de mim.

E tem os outros meninos, que mexem com os códigos. São tantos. Eu precisava estruturar umas coisas sobre futebol, mas acontece que eu não sei nada sobre futebol. E eu me sentei com eles, e eles ficaram me explicando, e eu só fiz achar tudo uma bobagem maior ainda, mas eles explicavam com tanta vontade. E eu precisava, de fato, entender aquelas coisas. Voltei pra minha mesa com uns rabiscos, cuidadosamente feitos pra me guiar.


E tem as meninas coloridas. Ainda encapsuladas. Às vezes eu acho que estou me tornando uma delas, ali, fechada no meu mundo, fones nos ouvidos. Então, vez por outra, eu olho pros lados, e sorrio para as pessoas. A menina fofa de recife voltou das férias, e eu confesso que fiquei genuinamente feliz de ter ela ali no outro cantinho. Ela não é minha amiga. Mas ela é legal. E eu gosto de gente legal em volta de mim. Então, ela é muito amiga da japonesa moderninha. Que eu também acho fofa toda vida. E toda vez que a japinha vem visitar ela na mesa, e elas começam a falar sobre roupas, eu tiro os fones e participo.


A chefa é fofa, e todo dia de tarde ela liga pra falar no telefone com a filha de dez meses. E ela fica repetindo o nome da menina, um nome lindo. E eu não sei o que vem do outro lado da linha, se são grunhidos, se são palavras ensaiadas ou risada solta, mas eu sei que eu sorrio quando chega nessa hora do dia.


Eu sei o nome de poucas pessoas. Ficar encapsulada não ajuda no processo de identificação de co-workers. Mas de vez em quando, em volta do carrinho de doces, a gente fala de sites de camisetas engraçadinhas, ou coisinhas de trabalho. Ou sobre como esta quente ou frio lá fora. É tão o comecinho, ainda. Da outra vez eu tinha pressa, eram só 4 meses pra fazer contato. Dessa vez não. Eu vou devagarzinho.


E gasto meu tempo falando com as gênias coloridas no msn, naquelas janelas compartilhadas. 3, 4 numa janela. O assunto geralmente é a evil, mas não raras vezes é a gente, mesmo. Eu nem sei o que seria das minhas tardes sem elas pra papear. Pra me tirar do trabalho, dos problemas. Pra combinar almoços fugidos.


Eu ando meio com preguiça das pessoas. De interagir, e de conversar. Eu fico pensando que é tudo meio pointless. Mas eu não desisti das pessoas, ainda. É questão de tempo, mesmo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

sabe quando o dia começa errado? chuva, eu resolvo pegar o carro pra ir até a fnac comprar ingresso pro show do placebo. recusei carona, porque tinha que passar no supermercado. chego no supermercado, dou boa noite pro funcionário da guarita.

boa. noite. 14h15 da TARDE.

voltando pra casa, alguns quarteirões. chuva. entro com o carro na minha rua, quando um outro carro resolve sair de uma garagem sem olhar se a passagem está livre. claro que não está. tem eu, ali. no meu carro. com compras, a cabeça cheia, o peso do mundo nas costas.

não deu tempo de freiar. não deu tempo nem de pensar. quando eu dei por mim, estava batendo com o meu carro, pequeno e frágil, num carro grande, desses que não sofrem absolutamente nada, nem que capotem mil vezes.

no outro carro, uma menina como eu, pedindo desculpas, envergonhada. eu saí do meu carro meio em estado de choque, e fui conversar com ela. eu antes que me desse conta, estava chorando no meio da rua. não era o carro. era o susto. era o aborrecimento, porque, convenhamos, minha vida tá otema nesse momento, né?

a cena mais ridícula.

eu chorava, e ela se desculpava, e eu desculpava ela. bad things happen. e eu sorria, e dizia pra ela prestar mais atenção, e que eu tinha tido uma semana ruim. e ela se desculpava. e eu chorava e sorria ao mesmo tempo.

papelão. meu carro amassou, mas nada muito grave. nada que ela não vá assumir. podia ser eu, no lugar dela. distraída, feliz indo encontrar amigos num restaurante qualquer.

e eu estou, agora, com o pescoço dolorido da batida, aborrecida com o carro amassado na garagem. me perguntando onde foi que eu inventei de dar boa noite pro funcionário do supermercado.

quinta-feira, 4 de março de 2010

damage

saí tarde do trabalho. noite fria, abotoei o casaco e coloquei o fone nos ouvidos. vim pensando nas coisas todas que me aconteceram desde que eu cheguei em são paulo. as reviravoltas de trabalho, o reencontro com meus queridos do rio, há muito perdidos. são paulo me deu aquelas pessoas de volta. a pessoa que eu virei em são paulo me levou de volta praquelas pessoas. a gente andava desencontrado. não mais.

e o som estava alto, e placebo gritava "stupid me to believe that i could trust in stupid you". e eu sorria e andava pela rua, quase que concordando com a letra. não tem como não pensar em todos os laços criados, em todos os laços partidos. são paulo me dá e me tira, o tempo todo. e daí, dá mais um pouco. pra tirar a qualquer momento. quando eu menos esperar, quando eu me apoiar em algo, achando que dá pra descansar, pra fechar os olhos e respirar fundo. o chão some. desparece de debaixo dos pés.

e de repente eu esbarrei em um querido. meu primeiro melhor amigo de são paulo, a primeira pessoa que me apoiou quando eu cheguei aqui. com a briga com a roomie freak, a gente se distanciou, eles sempre foram próximos, eu achei por bem afastar, me proteger. e a gente diminuiu o passo, até parar, de frente um pro outro. e ele tirou os fones, e eu tirei os fones. e a gente se abraçou. e ele me suspendeu do chão, e ficou me segurando, no alto, só um pouco. e não tinha chão nenhum por debaixo dos meus pés. e a gente conversou, e por um tempo foi aquilo de botar a conversa em dia, os dois ainda desconfiados. você sumiu, ele disse, quase magoado. eu sumi. ele estava certo.

e eu tentei explicar que aquele processo todo acabou me fazendo mais mal do que devia, e que eu precisei me afastar mesmo de tudo aquilo. mas que eu não tinha nenhum sentimento ruim pela roomie freak. que eu esperava que ela estivesse bem. há alguns dias eu soube que ela perdeu o pai, e eu fiquei verdadeiramente sentida. e eu quis ligar, mas não cabia, porque ela podia considerar uma afronta. ela iria considerar uma afronta. ele disse. ela não gosta de você. e nem essa afirmação me afetou. é um problema dela, pra ela resolver na cabeça dela. e eu espero que ela consiga. eu queria poder cumprimentá-la se a gente se esbarrasse no supermercado, por exemplo.

e deu saudades do comecinho, antes de ela me odiar, quando a gente era gentil. quando os amigos eram todos em comum, e ninguém pensava coisas ruins sobre os outros. quando a gente se concentrava nas festas, nos passeios pelo bairro. hoje, tudo dividido. os que vieram comigo, os que ficaram com ela. os poucos que circulam entre os dois lados. os que viajaram pra longe. os que simplesmente estão por aí, e a gente nem sabe de mais nada. os que estão perto, mas cada vez mais distantes, num outro universo. dá saudades daquele tempo em que tudo era puro, e era bom. quando todo mundo achava todo mundo legal, e via qualidades ao invés de defeitos, e queria estar perto, fazer companhia.

não tem mais nada disso, agora. as pessoas são todas estragadas, as relações são todas estragadas. sobra carinho, ainda, mas ele vem com peso, com dor de coração. com mágoa e decepção.

e é tão triste que é quase bonito.

terça-feira, 2 de março de 2010

na primeira semana, eu chorei todos os dias. porque isso sempre me acontece quando eu brigo com alguém querido. ele ficou puto, direito dele. e eu fiquei triste. e não adiantou tentar explicar, porque não havia nada que fizesse ele ver as coisas do meu jeito. e eu me recolhi. e fiquei quietinha. e a cabeça ficou meio paranoica, mas eu fui tentando administrar. a impressão é que eu atirei com um estilingue. em troca, veio uma metralhadora. eu não estava preparada para a metralhadora.

e a gente tinha se abraçado. mesmo em total discordância, mesmo sabendo que as coisas estavam bem ruins, a gente se abraçou, e se despediu. e eu achei que cada um ficaria quietinho, esperando passar. foi o que eu fiz. ele, ao contrário, passou a semana me atacando no twitter. frases de efeito, lições, grandes ensinamentos. eu ia pra terapia e chorava. e me recompunha, e começava tudo de novo. fiquei esperando o tempo passar. porque o tempo cura qualquer coisa, dizem. well. não passou ainda.


e eu me lembrei de 2005, quando era eu na posição que, hoje, é dele. quando eu fiquei puta, e eu fiquei ofendida, e eu resolvi atacar com a metralhadora. e eu ataquei. falei um monte, desdenhei, falei frases de efeito, lições, grandes ensinamentos. what goes around, comes around. ontem, almoçando com um querido, ele me perguntou se eu achava que tinha conserto. eu disse que não. é machucado demais, eu disse. nunca mais fica igual, quebrou. ele sorriu. e me disse. há alguns anos, você me disse essas mesmas coisas. e a gente está aqui, almoçando.


esse querido do almoço de ontem foi a pessoa a quem eu ataquei em 2005. briga boba, de proporções catastróficas. eu mal me perdôo pelo que eu fiz com ele. é realmente incrível a gente ter passado por isso tudo. e os arranhões terem sarado.


eu não sei de mais nada. a sensação, agora, ainda é de fim do mundo. como foi naquela época. muda só o lugar de onde eu vivo as coisas, dessa vez. quem sabe eu aprendo.